The Heathen Scÿthe, grupo paulista, traz não apenas uma imagem única, mas também músicas e temáticas em suas letras bastante interessantes. Abordando o ocultismo e o paganismo de diversos países, eles lançaram seu primeiro EP, autointitulado, em 2024.
Com cada um de seus integrantes vivendo um personagem, há toda uma narrativa por trás da banda.
Em entrevista exclusiva com o Wikimetal, o vocalista Tato Deluca, que interpreta o DA’AT, comentou sobre o novo videoclipe da música “Casting The Circle”, a história por trás de seu visual, novos álbuns e mais!
Confira a entrevista na íntegra abaixo:
Wikimetal: Recentemente vocês lançaram o videoclipe de “Casting The Circle”, que conta com várias animações. Você pode falar sobre o processo de idealização e criação do trabalho?
Tato Deluca: Nosso objetivo com os clipes é a construção do universo em que a história da banda está inserida. Com a “Into the Fire” apresentamos a banda e nossos figurinos, com o da “The Heathen Scÿthe”, apresentamos a viagem no tempo do modo que funciona neste universo, com a da “Welcome” queríamos mostrar nosso palco, cenários, efeitos, como a banda se apresenta ao vivo, já a “Casting The Circle” quis aproveitar toda a versatilidade que a animação traz para mostrarmos como seria o futuro pós-apocalíptico de onde viemos, apresentar um pouco do lado espiritual, a imagem dos guardiões dos quatro pontos cardeais que invocamos na música, e principalmente mostrar a versão em desenho dos personagens da banda.
WM: Vocês têm vontade de fazer mais videoclipes nesse estilo?
TD: Sim, já estamos produzindo o próximo que será para a música “Spiral Dance – The Egregore”. Vamos aproveitar a versatilidade da animação para ensinar a plateia a fazer a “Dança Espiral” que cantamos na música. Explicar é muito complexo, ensinar a plateia a fazer durante um show seria impossível, então resolvemos desenhar. É uma dança que se conseguirmos emplacar em grandes plateias vai se tornar uma marca registrada dos nossos shows, que no o “Barco Viking”, ou o “Wall of Death”. Realmente vai ser uma visão muito emocionante ver uma plateia de festival fazendo essa dança.
WM: Em 2024 a banda lançou seu primeiro EP, que leva o nome do grupo. Já há planos de lançar uma sequência? Talvez no formato de um álbum?
TD: Sim, o álbum já está gravado desde 2019, ele contém 12 músicas, será lançado “single a single” que nem fizemos com o EP e já está quase todo mixado e masterizado, estamos apenas fazendo alguns ajustes. Ele vai se chamar Grimoires: Index Librorvm Prohibitorvm e vai expandir muito o universo da banda, tanto musicalmente quanto conceitualmente.
WM: A The Heathen Scÿthe tem uma proposta bastante interessante na temática de suas letras, ao trazer letras sobre a cultura de ocultismo e paganismo de diversos países. Você sente alguma forma de resistência por parte do público por fazer o som que vocês fazem hoje?
TD: De forma alguma, na verdade temos sentido que o público fica muito mais interessado quando percebe que existem camadas e mais camadas de conhecimento oculto nas letras, cada símbolo que fazemos com as mãos nos shows, cada frase que parece “sem sentido” numa letra, tudo tem significado. Queremos entregar um quebra-cabeças complexo pros nossos fãs, para que eles possam descobrir o que queremos dizer aos poucos, mesmo daqui há décadas ainda vai ter coisa para descobrir nas letras e na estrutura das músicas, tudo vem sendo muito bem construído, e não vamos explicar tudo de mão beijada. Isso faz parte do entretenimento.
WM: A banda também traz um visual bastante único e característico. Como você acha que isso contribui para a banda?
TD: O visual se mostrou importante logo de cara, assim que lançamos nosso primeiro clipe, vimos que estávamos no caminho certo. São raríssimas as bandas que trazem essa teatralidade visual no Brasil, de cabeça lembro apenas de Gangrena Gasosa, Teatro Mágico, mas são pouquíssimas, e sentimos que no metal havia esse “buraco”. Lá fora isso não é novidade, Ghost mostrou o quanto esse apelo visual pode fazer uma banda nova chegar ao topo. Claro que tudo vem lá de trás, com Kiss, Alice Cooper, King Diamond, mas depois de 2010 veio o Ghost e uma onda enorme de bandas europeias seguiram essa tendência, aqui no Brasil quisemos ser pioneiros e sentimos que muitas portas vêm sendo abertas por conta disso.
WM: Cada um dos integrantes tem um personagem próprio, com uma história própria. De onde surgiu essa ideia e como vocês trabalharam para elaborar esses conceitos?
TD: Para podermos falar de paganismo de diversos lugares diferentes, mantendo uma certa “autoridade”, criamos o conceito da seita ter vindo de um futuro pós-apocalíptico para passar a mensagem de que cada povo deve se reconectar com suas raízes pagãs e religiões da Terra, visando evitar o fim do mundo como conhecemos. Com isso, começamos a trabalhar como seria o mundo nesse futuro. Criamos os personagens, escolhemos nomes que os representam em diversos níveis de compreensão, criamos símbolos que também tem seus próprios significados, os nomes dos clãs, suas histórias, etc.
Assim, poderemos explorar essas histórias em diferentes mídias, vamos trazer isso nos clipes, nas mudanças de figurino, nos encartes dos discos, eventualmente em histórias em quadrinho, curtas-metragens, é um oceano de possibilidades que vão sendo exploradas conforme a história for evoluindo.
O que posso adiantar é que temos pelo menos 12 álbuns e diversos EPs planejados, inclusive com títulos provisórios das músicas e o tema de cada uma, é só as pessoas acompanharem, seguirem a banda nas plataformas de áudio, vídeo, redes sociais e ficarem tranquilos, muita coisa está por vir.
Via: Wiki Metal