I Wanna Be Tour prova que nunca foi só uma fase, mãe

Quando o I Wanna Be Tour foi anunciado, muitas pessoas correram para garantir a oportunidade de ver as bandas que marcaram a adolescência de uma geração tocando juntas. Desde seu anúncio, o festival foi um dos assuntos mais comentados da internet e das rodas de amigos que se conheceram em shows e nunca mais se separaram ou marcaram de se reencontrar na manhã de sábado, 2, no Allianz Parque, em São Paulo.

A abertura do festival não poderia ter caído nas mãos de banda melhor do que a maior representante do movimento no Brasil. A Fresno foi a única banda que se manteve em atividade e sempre se renovando desde a explosão do emo por aqui, na metade dos anos 2000. O amadurecimento constante da banda se deve muito a amizade de Lucas Silveira e Gustavo Mantovani, sem deixar de fora a enorme renovação que o pernambucano Thiago Guerra trouxe ao assumir as baquetas.

Para quem esperava um Allianz Parque ainda tímido e mais vazio logo pela manhã, foi uma surpresa ver mais de 25 mil pessoas lotando e cantando cada sucesso que a Fresno trouxe em sua setlist. A banda tem fãs em todo o país, que se empenharam de forma apaixonada cantando cada música com o coração até perder a voz como fizeram já em “Quebre As Correntes”, hit atemporal que marcou o sucesso da banda na saudosa MTV.

Lucas se mostrou emocionado ao ver seus fãs jogarem bexigas comemorativas com o último single da banda, “Eu Nunca Fui Embora”, pintando o estádio de turquesa, cor escolhida para a nova fase da banda que se aproxima com o futuro álbum, com o lançamento marcado para o dia 05 de abril.

A segunda atração, primeira internacional do dia, foram os norte-americanos do Plain White T’s. A banda conhecida por seu grande sucesso “Hey There Delilah” tocou pela primeira vez no Brasil. O vocalista Tom Higgenson convidou Day Limns para dividir o palco e cantar justamente seu maior sucesso.

Mayday Parade foi a terceira banda do dia, também estreando em terras tupiniquins, a banda não só agitou o público com seu pop punk, mas também tocou nos sentimentos dos fãs presentes que puderam ouvir a banda tocar uma de suas canções mais populares, que acaba sempre ficando de fora da setlist, “Miserable at Best”. Em um momento de muita emoção onde o estádio cantou com a banda cada frase em alto e bom som.

Pitty trouxe a sua turnê comemorativa dos 20 anos de Admirável Chip Novo como quarta atração. Em um show histórico, a baiana mostrou o porquê de ser um dos maiores nomes do rock nacional comandando seu público pedindo para que fossem abertas rodas por todo estádio, tendo seu pedido prontamente atendido pelos fãs. Com hits como “Teto de Vidro”, “Equalize” e “Na sua estante”, Pitty ouviu o Allianz Parque cantar cada uma de suas músicas, sendo reverenciada merecidamente pelo show incrível que marcou o I Wanna Be Tour.

O show seguinte foi o do Boys Like Girls, a banda retornou ao Brasil após longa espera dos fãs que puderam ouvir “Thunder”,  “Hero/Heroine” e “The Great Escape”. Entre um show e outro o festival contou com ativações divertidas da Vans, a marca levou cabines de fotos, brindes e um canhão de camisetas em todos os setores do estádio.

A banda Asking Alexandria retornou ao país, pela primeira vez, sem um de seus fundadores, Ben Bruce, que decidiu sair da banda para poder passar mais tempo com a sua família. O reencontro com seus fãs não poderia ser melhor, Danny Worsnop interagiu com o público o tempo todo e logo no início do show disse se lembrar de quão insanos eram os fãs da banda por aqui. Danny deu berros impressionantes, e se divertiu tanto quanto os fãs que abriram rodas por todo estádio. Destaque para a apresentação do baterista, James Cassells.

Outro show que contou com participação especial foi o do The Used, a banda tem mais de 20 anos de estrada e é muito reconhecida na cena por sua importância, convidou o tão importante quanto, Lucas Silveira (Fresno), para cantar a última música do show  “A Box Full of Sharp Objects”. A banda retornou ao país depois de sua última passagem como banda de abertura da turnê do Evanescence em 2012.

Voltando ao pop-punk, All Time Low foi a oitava atração do dia, bem quando o céu estava começando a escurecer em cima do Allianz Parque. A banda aproveitou o céu de fim de tarde e tocou hit atrás de hit, sem deixar de dar espaço para algumas canções de seu disco mais recente, Tell Me I’m Alive, lançado em 2023, canções tocadas pela primeira vez para os fãs paulistanos.

O quarteto tem dinâmica divertida no palco, com Alex Gaskarth (vocal e guitarra) e Jack Barakat (guitarra) tendo diálogos completamente sem sentido e piadas com duplo sentido o tempo todo, lembrando Tom Delonge e Mark Hoppus, do Bblink- 182, uma das maiores inspirações do All Time Low. As canções “Monsters” e a emblemática “Dear Maria, Count Me In” foram escolhidas para fechar o show da banda.

O The All American Rejects, grupo que estourou na metade dos anos 2000 com “Dirty Little Secrets” foi uma das atrações internacionais do festival. A banda deixou outro grande sucesso “Gives You Hell” para o final da setlist.

O NX Zero retornou ao estádio, onde reencontrou fãs que não conseguiram comparecer nos shows do ano passado, além daqueles que precisavam rever seus ídolos depois das apresentações históricas no estádio alviverde. Abrindo com “Além de mim”, a banda não deixou músicas importantes de fora da setlist, como “Apenas Um Olhar”, música que mostrou o potencial da banda para todo país na MTV.

Um dos hinos oficiais do emo brasileiro, “Razões e Emoções” foi a penúltima música do show, onde mais uma vez o NX Zero mostrou ter um público muito fiel, tendo marcado uma geração assim como a Fresno e a Pitty.

Pedais duplos, berros e muitas e muitas rodas. Foi esse o clima do show do A Day To Remember, a banda conhece bem o país e como pudemos ver no Lollapalooza 2022, a banda sabe fazer um show excelente para festivais, sem dó de seu público o grupo começou o show com “The Downfall of Us All” e  “All I Want”. Em um dos shows mais agitados do dia,  o grupo transformou o I Wanna Be Tour em um grande moshpit ao tocar “Mr. Highway’s Thinking About the End”, com os fãs abrindo rodas gigantescas no penúltimo show da noite.

O encerramento da primeira edição do I Wanna Be Tour ficou para o Simple Plan, banda canadense que ajudouar a popularizar o estilo no mundo todo e dona de músicas que vivem no imaginário de quem cresceu ouvindo o melodrama adolescente de “Welcome To My Life”.

“Do you ever feel like breakin’ down? 
Do you ever feel out of place? 
Like somehow you just don’t belong And no one understands you”

Em um show digno de final de festival, fazendo o público gastar toda energia que ainda restava pulando e cantando, a banda ainda convidou Di Ferrero (NX Zero) para cantar “I’m Just a Kid” como havia acontecido no show da noite anterior, no Vibra SP.

Com bandas que marcaram a vida de muita gente, Allianz Parque lotado e espaço para bandas essenciais no movimento emo no Brasil, a primeira edição nos deixa ansiosos para uma possível próxima edição.

Nunca foi só uma fase, mãe.

Nossa colaboradora Marcela Lorenzetti também esteve no evento e registrou a noite com fotos exclusivas. Confira a galeria logo abaixo.