Um dos grandes nomes do metal brasileiro do momento, a Crypta fez um show impressionante em Porto Alegre na última sexta-feira, dia 06. O show que aconteceu no Bar Opinião faz parte da turnê Shades of Sorrow Brasil e contou também com a banda gaúcha Phornax e a banda mineira Paradise In Flames.
Phornax
Pontualmente, às 19h30, os gaúchos da Phornax subiram ao palco. A Phornax é uma banda que estava com tudo por volta de 2011 mas, pouco depois, entraram em um hiato de 12 anos, tendo retomado as atividades em 2023. A banda abriu o show com o single de 2011, “Silent War”. O público ainda escasso curtiu discretamente no início, balançando as cabeças e fazendo alguns vídeos, mas aplaudiu muito ao longo do show e ao final a galera já estava com os braços pra cima gritando “hey! hey! hey!”
Para quem chegou a ver eles 12 anos atrás (como eu), pôde até sentir um pouco de nostalgia. Isso porque a Phornax retomou os trabalhos exatamente de onde pararam. Com uma nova formação, a banda apresentou o mesmo som que combina influências do heavy metal tradicional, melódico e power metal. As notas altas e potentes do vocalista Cristiano Poschi são de um timbre que lembra bastante o lendário Bruce Dickinson (Iron Maiden). Além da faixa homônima do single de 2011, tocaram também “Ghosts From The Past”, e as novas composições “A Matter of Time” e “Hell’s Paradise”.
Paradise In Flames
A casa foi enchendo aos poucos e a Paradise In Flames contou com uma plateia mais cheia e já mais animada. O show dos mineiros trouxe de cara uma ambientação mais sombria e gótica com uma longa introdução instrumental e a primeira faixa da noite, “Concert No. 6 in C Minor, Cold Spring”. Os integrantes tomaram o palco com um ar teatral e forte presença e o público se surpreendeu imediatamente com os elementos sinfônicos criados pelo tecladista Guilherme de Alvarenga, combinados com uma base melódica de metal extremo e vocais guturais e líricos, por vezes até simultâneos.
Na banda, os vocais ficam por conta de Guilherme e também do guitarrista Andre Damian, e da cantora lírica Nienna Ni. Os três fazem combinações vocais dialógicas hipnotizantes, como na faixa “Unseen God”. Um belo destaque também é a faixa “Black Wings” que tem uma grande referência instrumental do baião, conferindo bastante personalidade ao som dos mineiros.
A performance da Paradise In Flames foi sem dúvida impressionante. É de se admirar que a banda ainda não seja tão conhecida por aqui no sul, mas com certeza eles conquistaram um grande número de fãs gaúchos com este show.
Crypta
Com um leve atraso de 10 minutos, a Crypta finalmente subiu ao palco do Opinião ao som dos gritos do público que entoava “Crypta! Crypta! crypta!”, e que se repetiu ao longo da noite. Abrindo com “The other Side of Anger”, a banda já garantiu muitos punhos para o alto e uma galera cantando junto.
A brutalidade da banda é o que chama a atenção nos primeiros momentos, mas isso só se completa com as fortes demonstrações técnicas das integrantes com seus respectivos instrumentos. Fernanda Lira esbanja potência tanto no vocal quanto no baixo, enquanto Tainá Bergamaschi e Jéssica di Falchi arregaçam acordes e melodias com destreza, e Luana Dametto não se poupa ao quebrar tudo na bateria.
A energia do público não baixou por um segundo. Músicas como “Lift The Blindfold” e “Lullaby For The Forsaken” garantiram alguns pequenos moshes e muita bateção de cabeça. A presença de palco de todas as integrantes é impressionante, mas as feições de Fernanda Lira sincronizadas com as batidas das músicas e suas movimentações agressivas no palco são contagiantes.
Em um momento de interação com a banda, uma grande parte das pessoas presentes admitiram estar vendo a Crypta pela primeira vez ao vivo, o que contribuiu para a euforia de muitos fãs ali. Além disso, Fernanda teve a sensibilidade de reconhecer a relevância do show em Porto Alegre em um momento em que a cidade ainda está se reerguendo após as enchentes que atingiram o estado do Rio Grande do Sul em maio deste ano.
Com um setlist que contemplou quase todas as faixas do álbum Shades of Sorrow (2023), a banda encerrou o show com “Lord of Ruins” e “From The Ashes”, esta última faixa bastante apreciada do primeiro álbum da banda, Echoes fo The Soul (2021).
A Crypta se mostra cada vez mais uma banda madura e dominante. Era possível perceber a admiração de cada fã presente, homens e mulheres, jovens e mais velhos. A banda recebeu e retribuiui o imenso carinho dos fãs gaúchos durante toda a performance. O quarteto é hoje motivo de orgulho enquanto mulheres na cena underground e, claro, enquanto grandes expoentes do metal brasileiro.
Via: Wiki Metal