Neste 08 de junho completam-se 6 anos desde a morte do saudoso Andre Matos. O artista foi um cantor, compositor, maestro, produtor e pianista brasileiro, mais conhecido por sua participação como vocalista de bandas como o Viper, Angra e Shaman.
O impacto de Andre no metal foi tão grande que o levou a fazer diversas colaborações com bandas como Avantasia, Soulspell e Dr. Sin, e teve a sua voz elogiada pelo lendário vocalista do Iron Maiden, Bruce Dickinson.
Para relembrar o legado que o maior vocalista do metal brasileiro nos deixou, resgatamos um vídeo gravado por um fã em um workshop onde Andre explicou a origem da icônica faixa “Lisbon”.
Origem do nome “Lisbon”
Segundo Andre Matos, a ideia veio de um “despertador que era muito chato”. Ele tocava a mesma nota duas vezes, fazia uma breve pausa e voltava a tocá-la, nesse loop. Após terminar, repetia o processo mas com três notas e, por fim, “o bichinho disparava”, tocando incessantemente. Foi daí que o vocalista tirou a famosa linha de teclado inconfundível da música.
Andre diz que o som que saiu da sua ideia é todo “quebrado” e numa “escala esquisita”. Ele se baseou nos modos gregos, que “são os predecessores das escalas que a gente conhece hoje em dia: a maior, menor, etc”. O vocalista afirma que “o tema estava em Frígio” e que o fez lembrar de música portuguesa, daí o nome da faixa “Lisbon”. Ele explica que o motivo que lhe fez lembrar da música portuguesa foi o fato de que a mesma possui fortíssimas influências árabes, que usam os mesmos modos gregos.
Gravação da faixa
Quando questionado por uma pessoa da plateia quanto ao tempo da música, André relembra uma história curiosa sobre a gravação da mesma: “Isso me deu uma confusão na hora de gravar, cara… Porque a gente tava todo no esquema ‘Hollywoodiano’ para gravar essa música.” De acordo com Matos, eles se juntaram à Orquestra Sinfônica de Londres, no Abbey Road Studios, na Inglaterra.
“Eu escrevi um arranjo e tal, e daí o cara fez uma revisão do arranjo para transcrever pros instrumentos e tudo, e esse cara não achou que fosse quebrado o compasso.” O que foi passado para os músicos da orquestra foi, então, a revisão errada do arranjo de Andre. Tudo se resolveu, porém, após o vocalista ter ajudado a resolver o problema.
Ele também explica um pouco de seu processo criativo, depois de lhe perguntarem se ele “pensa primeiro na melodia e não na letra”. “Usualmente, sim”, responde. “Talvez pelo fato de eu ter começado a minha carreira, teoricamente, tocando piano, com 10 anos de idade.” De acordo com o artista, “cantar foi um acidente.”
Confira o vídeo completo:
Relembrando o legado de Andre Matos
Andre Matos começou os estudos musicais aos sete anos com aulas de piano. Aos 14, entrou para sua primeira banda, o Viper, onde gravou a demo The Killera Sword, em 1985, e os álbuns Soldiers of Sunrise, em 1987, e Theatre of Fate, em 1989. Após o lançamento de Theatre of Fate. Andre decide deixar o Viper, pois não conseguiria conciliar a banda com seus estudos na faculdade. Matos graduou-se bacharel em Regência Orquestral e Composição Musical.
Na faculdade, Andre Matos conheceu Rafael Bittencourt e com ele teve a ideia de começar uma nova banda onde pudessem mesclar o heavy metal com a música erudita, o que mais tarde resultaria na criação do Angra. Com a banda, Matos consagrou-se um dos principais vocalistas do power metal.
Andre Matos faleceu aos 47 anos no dia 08 de junho de 2019, vítima de uma parada cardíaca.
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Via: WikiMetal