O Saxon, liderado por Biff Byford, volta ao Brasil no próximo mês, pouco menos de 2 anos após sua última passagem no país, em novembro de 2023.
A banda britânica de heavy metal irá se apresentar no Bangers Open Air no dia 03 de maio, que acontece no Memorial da América Latina, em São Paulo. Os ingressos estão à venda aqui.
Após o festival, o grupo segue para Porto Alegre e Belo Horizonte, Para essas datas, o grupo vai executar o clássico álbum Wheels of Steel na íntegra.
O Wikimetal conversou com o vocalista e co-fundador do grupo sobre a volta ao Brasil, a base de fãs na América Latina, o legado que a banda quer deixar e mais. Confira a entrevista na íntegra.
Biff falou sobre seu estado de saúde atual
Wikimetal: Em novembro do ano passado, você passou por uma remoção de hérnia. Como está se sentindo atualmente?
Biff Byford: Eu estou bem. Atualmente me encontro na Inglaterra. Está um pouco frio hoje. Tem feito tempo bom a semana toda, mas hoje está um pouco frio. Mas, sim, tudo está bem.
Bangers Open Air
WM: Como é fazer parte de um festival tão aguardado como o Bangers Open Air? O que os fãs podem esperar do setlist da banda?
BB: Sim, atualmente estamos fazendo shows em festivais e ele [Bangers] será um deles. Estamos ansiosos para tocar lá. [ao saber que o Saxon é a banda mais esperada dos fãs, segundo enquete do site.]
Mas sobre o setlist, estamos fazendo apresentações no formato “greatest hits”, em sua maioria. Mas também vamos tocar faixas do Wheels of Steel durante nosso set.
Execução de clássico na íntegra nas capitais gaúcha e mineira
WM: Além do Bangers Open Air, vocês vão tocar em Belo Horizonte e Porto Alegre. O que os fãs podem esperar dessas apresentações, especialmente com a execução do disco Wheels of Steel na íntegra?
BB: Bem, o pessoal deve se preparar, pois quando o tocamos nós vamos direto, sem pausas. Eu também não falo, é como 45 minutos de música contínua. Então acaba sendo muito legal, mesmo.
Saxon e sua base de fãs nas Américas
WM: O Saxon tem uma grande base de fãs na América Latina. Como vocês veem essa relação com o público latino-americano, e o que diferencia esse público dos outros?
BB: Sempre nos damos muito bem na América do Sul. Temos uma base de fãs extremamente fiel aí. A comunidade do metal na América do Sul e Central é fantástica, na verdade.
Então, nunca tocamos no Rock in Rio ou algo dessa magnitude, mas desde então, toda a exposição que tivemos foi através de nossos álbuns e redes sociais. Mas sim, adoramos ir tocar aí. O som é ótimo. E o público é muito empolgado, e como você sabe, a vibe nos festivais e shows é realmente excelente.
Faixa clássica conta sobre histórico e pioneiro festival inglês
WM: ”And The Bands Played On” é muito especial para a banda, certo? Ela fala sobre o primeiro Monsters of Rock no Reino Unido, em 1980. Quais são suas lembranças daquela época? Você ainda se lembra desse festival? É especial tocá-la?
BB: Sim, lembro de tudo, sabe. Você não esquece essas coisas, especialmente festivais especiais como esse. Recordo da primeira vez que tocamos na América do Sul, foi na Argentina. Saímos daqui [Inglaterra], voamos e fizemos três shows lá, no final dos anos 80. Então, sim, sempre boas memórias, especialmente quando é a primeira vez, sabe? Como o primeiro grande festival, que foi o Monsters of Rock lá em 1980.
Byford opinou sobre o aumento de IA no cenário musical
WM: O uso de IA para composição e criação de capas tem sido uma tendência crescente. Qual é a visão do Saxon sobre o aumento de profissionais que utilizam a tecnologia?
BB: Somos da velha guarda, sabe. Quanto à IA e seu consequente avanço, pode ser uma forma de criar novas músicas e até escrever letras, algo similar. Mas nós ainda fazemos do jeito antigo. Acho que até é legal usá-la para vídeos e coisas nessa linha.
Especialmente em nossos clipes, ainda mais quando são faixas históricas, porque não existem registros de discos voadores no céu, e de ninguém saindo de dentro deles também. Logo não há filmagens de batalhas, dessa forma, todos têm que se basear em pinturas e livros, acho que é ok fazer assim. Mas para compor, não, ainda gostamos de fazer isso à moda antiga.
Banda segue com projetos e rotina
WM: Existe algo que o Saxon ainda sonha em fazer ou conquistar no futuro, seja em termos de música ou de projetos fora dos palcos?
BB: Bem, não, na verdade. Estamos bem tranquilos, fazendo nosso trabalho, sabe? No momento, estamos bastante ocupados fazendo as coisas do Saxon, como shows e turnês. Também já estamos escrevendo músicas para o nosso próximo álbum, que deve sair no final do ano que vem.
Processo criativo de trabalho mais recente
WM: O álbum Hell, Fire and Damnation recebeu uma crítica extremamente positiva. Como foi o processo criativo desse álbum? Porque eu acho que esse álbum soa diferente, especialmente o som das guitarras e a produção do Andy Sneap também
BB: Então, o lance é que o álbum foi feito muito rápido. Nós escrevemos, ensaiamos e gravamos.
Ele [Sneap] não teve muito tempo, porque ele estava em turnê com o Judas Priest, então acho que esse fato em questão acabou ajudando a gente, porque o som ficou bem cru, sabe? Bem “old school”. Eu acho. Gostamos muito dele e tentaremos que o próximo seja melhor ainda.
Em 2021, Saxon regravou faixas de referências da banda
WM: O álbum Inspirations trouxe uma lembrança ao início da carreira de vocês, com regravações de covers de grandes influências. Como foi o processo de escolher as faixas e o que esse disco significa para o Saxon?
BB: Eu apenas fiz uma lista com as músicas que me influenciaram. E obviamente, alguns dos rapazes têm a mesma idade [74 anos] que eu. Mas quero dizer que todos estavam muito felizes com as faixas. Desde a escolha, e realmente todos ficaram bastante contentes.
E sim, foi bem divertido. Na verdade, sabe, não tivemos que escrever nada. Apenas fomos lá e gravamos, e algumas delas foram bem difíceis para mim cantar, mas eu realmente gostei. Foi divertido.
Legado do Saxon influenciou grandes nomes do heavy metal
WM: Com mais de 50 anos de carreira, vocês têm sido uma grande influência para muitos nomes do metal. Como você reflete sobre essa longa trajetória e o impacto da banda no cenário musical?
BB: Acho que é muito bom. Quero dizer, é bom que digam que servimos de influência a eles. De uma boa forma. Então, sim, acho ótimo. Sabe, lá em 1980, havia o [Iron] Maiden, nós, o Motörhead, e o [Judas] Priest já estava na ativa fazia um tempo. Provavelmente influenciamos o lado trash metal do Metallica, também.
E obviamente, a nossa imagem e o tipo de rock das nossas músicas no Mötley Crüe. Vejo também o Pantera e várias outras bandas comentarem que fomos uma influência para elas, mas sinto que às vezes é mais sobre a atitude que tivemos e isso, teve um grande efeito. Não damos a mínima, nunca vamos desistir, e esse tipo de comportamento foi importante para nós, na verdade, ainda é. E por conta disso, logo acabou inspirando muita gente.
Chegada do novo guitarrista
WM: Em 2023, Brian Tatler se juntou ao Saxon. Como tem sido dividir o palco com um co-fundador de uma banda tão lendária como o Diamond Head?
BB: Bom, ele tem boas ideias. E uma bagagem enorme de ideias que nunca usou, o que acaba sendo interessante para nós, pois posso olhar para os materiais antigos dele e ver se encontro algo que eu goste. Então, é um bom processo, realmente.
Ele é da mesma época, e da mesma geração que eu. E as pessoas o conhecem. As pessoas o respeitam, então acho que se tornou uma ótima substituição para o Paul [Quinn].
Relação com ex-guitarrista
WM: Então, falando do Paul, como ele está agora?
BB: Ele está bem. Falo com ele o tempo todo. Está fazendo alguns projetos com a banda de blues dele, e estamos fazendo algo com isso, também. Acho que ele está um pouco entediado, mas, sabe, é o que acontece quando você se aposenta.
WM: Para quem está começando a conhecer a discografia do Saxon, qual álbum você recomendaria como o ponto de partida?
BB: Eu diria dois, Wheels of Steel e Hell, Fire and Damnation. E caso gostem, podem ouvir tudo que lançamos entre eles.
Sensação de Biff Byford ao tocar com o Saxon no Wacken Open Air
WM: Então, vocês também tocam no Wacken, Como é tocar lá?
BB: Tocamos no Wacken há muito tempo, já. Acho que foi em 1992 a primeira vez e desde então, tem sido ótimo. Vimos o festival crescer ao longo dos anos e se tornar um dos maiores e melhores festivais do mundo, eu diria, para o heavy metal e o rock no geral.
Não é só metal que toca lá. Eles têm, sabe, Foreigner, ou Status Quo, que não são bem metal. Então é um grande festival, uma ótima atmosfera. E, quando você se apresenta para 70, 80, 90 mil pessoas, é sempre uma grande sensação captar toda aquela emoção. Dá pra sentir realmente a vibração do público.
Biff Byford e seu conselho para músicos iniciantes
WM: Qual legado vocês esperam deixar para os jovens músicos que estão começando a carreira no metal?
BB: Nunca desista, cara, é a única coisa que posso dizer. Isso funcionou para nós, e demorou muito tempo para conseguirmos um contrato de gravação e sermos reconhecidos.
Estávamos tentando isso desde os 17 anos, e levou cerca de 9 anos para chegarmos em um ponto onde realmente tínhamos lançado um disco. Então, apenas continue tentando. Nunca desista. Tente ser o mais único possível, e esse é o segredo.
Recado aos fãs brasileiros
WM: Você poderia mandar uma mensagem aos fãs da banda no Brasil e para aqueles que irão em algum dos shows?
BB: Estamos indo aí. Não tocamos muito em festivais no Brasil, então vai ser ótimo. Acho que vai ser um grande dia, realmente, é uma grande turnê. Já fomos algumas vezes antes. Temos uma grande base de fãs aí, e esperamos ver todos vocês lá.
O Bangers será ótimo, os shows solo serão também, e com Wheels of Steel na bagagem. Então será um momento especial, e veremos todos lá. E mantenham a fé.
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Via: WikiMetal