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Caprichado porém injustiçado: 7 motivos que tornam The Ultimate Sin um dos maiores álbuns dos anos 80

Rock Bizz 4 meses atrás


“Havia muita música nos anos 80. Os anos 70 também foram bons, mas se eu tivesse que escolher a melhor década, diria os anos 80”, disse Ozzy Osbourne, durante bate-papo com a filha Kelly e a esposa/empresária Sharon no podcast The Osbournes. “Os anos 80 foram quando eu diversifiquei sozinho. Eu me diverti muito”, completou o Madman.

É meio evidente o porquê de o Príncipe das Trevas cair de amores pela década de 1980, já que fora a época do renascimento de sua carreira musical e momento em que o cantor deu uma banana à gélida dona morte, que queria pegá-lo de todo jeito, após a demissão do Black Sabbath.

Álbuns como Blizzard of Ozz (1980), Diary of a Madman (1981) e Bark at The Moon (1983) trataram de estabilizar a empreitada solo do cantor no mercado fonográfico, contudo, a adequação integral ao teor oitentista rolou em meados da década, com o disco The Ultimate Sin, lançado em fevereiro de 1986.

O trabalho veio condicionado à estética sonora e visual vigente na cena, isto é, com o som bastante polido, solos de guitarra mirabolantes e a imagem calcada no melhor/pior estilo poodle, com as madeixas armadas e bufantes, além das célebres vestimentas à la Eike Maravilha: espalhafatosas e repletas de plumas e paetês.

Por estes e alguns outros motivos, uma parcela dos fãs – e o próprio Madman, diga-se de passagem -, conserva uma certa birra contra o The Ultimate Sin, o que é uma pena, visto que o material é bem-feito e passou pelo implacável teste do tempo.

Dito isso, vamos enumerar 7 motivos que tornam The Ultimate Sin um dos maiores álbuns dos anos 80. Se você tem apreço por essa época de nossa história, vem com a gente nesta breve e despretensiosa viagem no tempo e homenagem ao período em que a ombreira, polaina, pochete, brilho e mullet estavam na moda.

Jake E. Lee

Em Bark at The Moon, o guitarrista já havia provado que era um substituto à altura de Randy Rhoads, morto em março de 1982, em um terrível acidente aéreo. No entanto, em seu segundo registro com o Príncipe das Trevas, é nítido o desejo de elevar o nível das linhas de guitarra e trazer soluções inéditas ao som de Ozzy.

Canções como Never Know Why, Killer of Giants, Shot in the Dark e Lightning Strikes constatam que o rock e o metal podem soar radiofônicos sem nivelar o trabalho por baixo.

E mais, para quem gosta das seis cordas, estudar as canções deste álbum é uma fonte de informação e conhecimento para uma vida inteira.

Capa

Nos anos 80, a ideia não era só ser ouvido, ser visto fazia parte do pacote, e só chamava atenção nas prateleiras das lojas quem viesse com capas de discos grandiosas. O mordedor de morcego recrutou Boris Vallejo (Meat Loaf, Molly Hatchet) para criar a arte do disco e a atriz Julie Gray Johnson para ser a musa do desenho. Uma obra-prima!

Letras

O conteúdo lírico não perambula pelo batido rock and roll all night and party every day ou pelo também manjado satanismo de sessão da tarde. Bob Daisley criou letras profundas que fazem o ouvinte minimamente atento pensar sobre os versos das canções.

Ué! Não foi o Ozzy quem criou as letras do disco? Jamais! Nem aqui e ou noutra dimensão! O vocalista estava internado na famosa clínica de reabilitação Betty Ford Center, e só podia sair de lá uma vez por semana, além disso, ele nunca teve desenvoltura com as letras. Bob foi quem criou as letras e as vendeu ao clã Osbourne.

Produção

Há quem reclame da sonoridade polida e da timbragem dos instrumentos minguada, contudo, para a proposta em que foi concebido, o trabalho do produtor Ron Nevison foi realizado com excelência. O objetivo era soar em sintonia com o que rolava na MTV, e foi dessa forma que Ron entregou The Ultimate Sin, portanto, o quê pop de FM que permeia todo o álbum é um charme a mais na audição.

Repertório

A forma em que o tracklist foi confeccionado proporciona uma audição fluída, sem altos e baixos. Em nenhum momento há a urgente vontade de trocar de faixa. É um álbum para curtir do começo ao fim e apertar o repeat para retomar todo o processo.

Balada aqui não

Por mais que a intenção fosse se adequar ao espírito do tempo, ser um nome forte da glamorosa década, o álbum não apelou para as açucaradas e, muitas vezes, discutíveis baladas. Killer Of Giants até tem momentos intimistas e suaves, mas logo, logo pisa no acelerador e deixa tudo pegando fogo.

Daisley & Lee

Se tem uma dobradinha que merece mais prestígio é a formada por Bob Daisley e Jake E. Lee! A química entre os músicos é evidente, então, uma ideia embrionária sugerida por um, logo ganhava corpo e poderio sonoro com as sugestões do outro. Assim, Daisley nas letras e arranjos de Lee na guitarra é um time que bate um bolão e só entra em campo para ganhar de goleada.



Via: RockBizz