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Como David Lee Roth bateu de frente com o Van Halen em ‘Eat ‘Em And Smile’

Wiki Metal 2 meses atrás


Capa do álbum 'Eat 'Em and Smile', do David Lee Roth

No ano de 1985, David Lee Roth, ainda membro do renomado grupo Van Halen, ansioso por um novo lançamento e turnê, decide lançar como trabalho solo o EP Crazy From The Heat, contendo diversos covers de músicas dos anos 60 e 70. Pouco depois, Roth deixa o Van Halen alegando divergências criativas com seu líder e guitarrista, Eddie Van Halen, que estava começando a inserir baladas e sintetizadores no crú e festivo som que consagrou a banda.

Após as brigas com seus ex-companheiros, David decide reunir um time tão virtuoso e intenso quanto aquele que o acompanhou pelos últimos anos. Para as guitarras, chamou o ex-Frank Zappa e revelação virtuoso Steve Vai, para o baixo foi convocado o futuro Mr. Big e também revelação Billy Sheehan e nas baterias, o prá-lá de competente Gregg Bissonette.

Equipe formada, disco gravado, em 7 de julho de 1986 chegam às lojas Eat ‘Em And Smile, primeiro álbum cheio – afinal Crazy From The Heat era um EP de covers – solo de David Lee Roth e seu primeiro registro após o rompimento com o Van Halen, que a essa altura já contava com Sammy Hagar nos vocais e lançado o disco 5150, trazendo um som mais radiofônico, repleto de sintetizadores, baladas e uma voz melódica e potente em seu lugar, tudo o que Roth temia e com certeza queria se afastar em seu novo grupo.

O disco abre com a clássica “Yankee Rose”, cuja introdução traz um dos momentos mais icônicos não apenas do trabalho, mas de todo o hard rock oitentista americano, com o diálogo entre Roth e a guitarra de Steve Vai – como se ambos estivessem paquerando uma garota antes da música em si  – uma ode ao centenário da estátua da liberdade – iniciar, com o peso gingado e momentos virtuosos de guitarra que foram marca registrada de seu período no Van Halen.

O tom festivo, guitarras urrando com alavancas, momentos de pura sedução e uma cozinha extremamente entrosada permeiam o trabalho do início ao fim, como se Roth estivesse dando continuidade à sonoridade que sua antiga banda abandonou após sua saída.

Outro destaque é a química entre Sheehan e Vai, ambos dando uma verdadeira aula de como ser virtuoso em seu instrumento, sem soar pedante ou pretensioso e com muito agito, seja em sons dignos de uma festa desregrada típica da época, como se pode ouvir na veloz e quase heavy metal “Shyboy”, seja em momentos bluesados e despretensiosos que mais soam como uma divertida jam entre amigos, como em “I’m Easy” ou a funkeada “Ladies’ Nite In Buffalo?”.

O disco foi originalmente concebido para ser a trilha de um filme, porém o projeto nunca saiu do papel. No lugar, foram lançados clipes cujo o humor transparece toda a personalidade festeira e louca de Roth, como “Yankee Rose” e “Goin’ Crazy”.

O álbum é extremamente indicado aos apreciadores do hard rock oitentista, o famoso “hard farofa” como é popularmente conhecido, e principalmente aos mais inveterados fãs de Eddie Van Halen e sua tropa, pois o trabalho feito por Vai e Sheehan neste álbum não apenas fez jus ao antigo chefe como mostrou um grande respeito à sua obra, sem soar como uma imitação ou caricatura, apenas trazendo a abordagem festiva e seduzente, mas repleta de originalidade e carisma.

Eat ‘Em and Smile ganhou uma edição especial no Brasil em slipcase. O lançamento veio através da parceria do Wikimetal com a Oporto Da Música. Clique aqui para adquirir sua cópia.

Versão em espanhol de Eat ‘Em And Smile

Em um dado momento, Billy Sheehan lê em um jornal que mais da metade da população mexicana da época era formada por jovens entre 18 e 27 anos, faixa etária esta que era a principal consumidora de discos.

O baixista então sugere a David regravar os vocais do disco em língua espanhola, para um lançamento exclusivo em países falantes (com foco no México) em uma tentativa de alavancar as vendas do trabalho.

Todo o instrumental fora mantido, apenas as linhas de voz de Roth foram substituídas por versões traduzidas das letras, onde Roth criou com ajuda de um tutor espanhol para realizar tal trabalho. Não é preciso dizer que a empreitada, batizada de Sonrisa SalvajeSorriso Selvagem, foi um fracasso, com o público falante de espanhol estranhando o forte sotaque de Roth. Ouça a versão logo abaixo.

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Via: WikiMetal