Entrevista e texto por Joana Söt
O mais recente álbum do Fontaines D.C., Romance, lançado no último 23 de agosto, chamou a atenção dos amantes da música além do pós-punk no qual (até então) a banda era inserida. Conversamos com o guitarrista Conor Curley sobre a produção de Romance e as influências sonoras do álbum.
A entrevista com Conor começou com a pitada de nervosismo e animação usual de qualquer jornalista que fosse fã do entrevistado. Neste caso, já antecipando o sucesso que seria o lançamento de Romance e tendo acompanhado o Boom do Fontaines D.C. no último ano pela Europa, a primeira troca de frases com o guitarrista da banda já foi um aviso seguido de uma tranquilização surreal.
Eu digo que sou fã e peço paciência com a excitação do momento, e Curley, falando de seu apartamento em Londres, já logo manda um “Relaxa, será incrível”, enquanto bola um tabaco que o acompanhará durante toda a entrevista.
A banda vem ao Brasil se apresentar no Lollapalooza 2025 que acontece nos dias 28, 29 e 30 de março, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. Clique aqui para conferir mais informações como lineup completo e ingressos.
Wikimetal: Vamos falar sobre o novo álbum de vocês, Romance. É um time de peso nele! Como vocês se sentem com o James Ford (Gorillaz, Arctic Monkeys, Shame, Jessie Ware, etc) na produção de Romance?
Conor Curley: Eu acho que sendo o primeiro álbum que não trabalhamos com Dan Carey, sentimos que esse projeto especificamente precisava de uma mão nova. Ouvimos um álbum produzido pelo James de uma banda chamada Crocodiles, Sleep Forever, e imediatamente pensamos que queríamos aquilo em Romance. Nos representava nos sons mais alternativos que gostamos e queremos fazer mais.
WM: Ouvi falar que vocês passaram um tempo separados, cada um em uma parte do mundo. Como você diria que isso influenciou as músicas do Romance?
CC: Escrever foi uma loucura. Nós escrevemos o álbum em 4 semanas, mesmo com cada um de nós já tendo muita coisa pré-escrita, no estúdio em Londres, praticamente direto, e depois tivemos dois dias de pausa e fomos pra França gravar por mais 3 semanas. Foi tenso no melhor sentido, toda a pressão de tempo e da indústria acabaram nos afetando e afetando o som de uma maneira positiva.
Acho que fazer música é o que mantém minha sanidade mental – e posso dizer o mesmo pelos meninos da banda.
A banda vem ao Brasil se apresentar no Lollapalooza 2025 que acontece em março de 2025, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. Clique aqui para mais informações como lineup completo e
WM: E como foi gravar esse álbum num – literal – castelo?
CC: [Conor dá uma risada alta] Acho que era mais uma mansão do que um castelo, mas foi incrível de qualquer formana mesma! Gravar num ambiente caseiro é muito importante para o Fontaines. Descobrimos lá que o álbum “Skeleton Tree,” do Nick Cave, foi gravado naquela casa e ficamos pirando nisso. Às vezes a gente acabava de gravar de noite, nós nem íamos pra Paris, nós só sentávamos no sofá do estúdio e pensávamos “Será que o Nick Cave fumou um cigarro aqui?”
WM: Eu amo esse álbum, é um dos melhores dele.
CC: [fumando o tabaco e dando risada] É um dos meus favoritos dele também.
WM: “Starbuster” tem um significado bem sincero com base em acontecimentos reais (uma crise de pânico do vocalista). O álbum todo tem uma temática mais íntima da banda?
CC: [Romance] é um álbum de extremos. Temos muita influência dos anos 90, Smashing Pumpkins, Butch Vig, Replacements, especialmente em “Favorite”, pessoalmente eu estava focando bastante no shoegaze, nos sons de Kevin Shields, o que é incrível porque toda vez que alguém tenta fazer algo assim, ninguém consegue. Meu amigo falou uma vez e eu vou roubar a frase, mas “Loveless” é a Capela Sistina da guitarra.
WM: Loveless é insano.
CC: [acenando com a cabeça] É diferente. Ele acima de tudo é um ótimo escritor também.
WM: Onde você vê o Fontaines D.C. daqui a 5 anos?
CC: Vamos fazer turnê desse álbum, talvez já teremos um novo álbum até lá. Já temos os próximos dois anos planejados, mas a meta é sempre seguir sendo criativos e fazendo arte.
Existe alguma vontade da banda de vir tocar no Brasil em algum futuro próximo? (risos)
Conor: Nós realmente gostaríamos de ir para a América do Sul, mas ainda não sabemos exatamente quando.
WM: Se você tivesse que definir Fontaines D.C. em uma palavra, qual seria?
CC: Delusional. [todos dão risada]
WM: E “Romance”?
CC: Viciante.
Via: Wiki Metal