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Entrevista: Hurricanes revela o que esperar de show no Best of Blues and Rock 2025

Wiki Metal 1 dia atrás


No próximo domingo, 15, a banda brasileira Hurricanes se apresenta no último dia de Best of Blues and Rock, dividindo a line-up com Judith Hill e uma de suas maiores referências, Deep Purplegaranta os últimos ingressos.

O quarteto que dedica seu repertório ao rock clássico e ao blues lançou em 2024 seu segundo álbum de estúdio, Back to the Basement, e tem como suas principais influências nomes como o próprio Deep Purple, Led Zeppelin, Free, entre muitos outros. 

Em entrevista ao Wikimetal, o guitarrista e co-fundador Leo Mayer fala sobre as expectativas para o show e os planos de futuro da carreira. 

Leia na íntegra:

WM: Vocês se apresentam no Best of Blues and Rock dia 15 de julho, que é o segundo domingo do festival. Qual é a importância pra vocês de se apresentar em um festival assim, ainda mais no domingo, que é o mesmo dia do Deep Purple e da Judith Hill. Como vocês estão se sentindo?

Leo Mayer: A gente tá bem animado porque é sempre bom tocar pra grandes plateias. Tanto pra divulgar nosso som quanto conhecer pessoas novas, um festival grande é sempre bom. E ainda mais esse dia, que é o dia do Deep Purple e Judith Hill. Eu não conhecia o trabalho dela, dei uma pesquisada e achei muito foda. Vi umas sessions muito legais, acho que vai ser um showzaço. E o Deep Purple nem se fala, né? A gente tá super animado e ainda incrédulos que isso vai acontecer porque realmente é uma das nossas grandes referências. Ainda não estamos acreditando muito que isso vai acontecer, ver eles de perto assim. Vai ser incrível, com certeza.

WM: Vocês nunca viram o show deles antes?

LM: O Henrique já assistiu e eu sempre perco. Sempre tem um show no dia ou eu estou trabalhando. Nunca consegui assistir ao vivo, então vai ser legal. No último show deles que aconteceu no Espaço Unimed, a gente tocou no dia. Eu pensei: “Nossa, com certeza foi o último show deles, a gente não vai assistir mais”. E aí veio essa novidade muito incrível.

WM: E agora vocês têm a chance de encontrar com eles nos bastidores, né? Você já pensou nisso?

LM: Essas coisas passam na cabeça e ainda não conseguimos assimilar o que vai acontecer. Porque realmente é aquela coisa de ídolos máximos mesmo, sabe? São realmente as nossas referências; Deep Purple, Led Zeppelin, Free, são nossas grandes referências. A gente começou a tocar por causa desses caras. Por exemplo, o nosso tecladista, o Jimmy, é totalmente influenciado, ele sabe o repertório inteiro. A gente foi tocar agora na Paulista, no evento do Best of Blues mesmo, e eles pediram pra gente tocar algumas canções instrumentais e uma delas a gente pensou em tocar uma música do Deep Purple, do segundo álbum, que é super complexa, super difícil. Eu cheguei: “Ô Jimmy, você manja tal som?” E ele: “Claro! Vamos lá!”. Ele já sabia. A gente nem ensaiou, foi lá e tocou. Porque realmente a gente gosta muito da banda. A gente conhece muito do trabalho deles.

WM: Você já foi em outras edições do Best of Blues como público?

LM: Fui.

WM: Tem alguma história do festival para contar?

LM: A mais recente eu acho que foi com o Buddy Guy. Eu cheguei bem cedo, queria muito assistir o show dele. Também é um cara que eu nunca tinha assistido. E foi muito louco, porque quando eu cheguei já tava meio lotado. Eu fiquei meio atrás, mas tinha uma banda pop tocando e quando terminou o show deles a galera saiu e liberou espaço na grade. Eu vi ele muito perto e foi muito f*da porque ele é um showman, um blueseiro, acho que um dos últimos daquela linhagem de blueseiros dos anos 50, e foi incrível o show dele. Eu aprendi muito naquele show. Uma coisa do silêncio, da brincadeira com a guitarra. Eu fui com amigos que gostam muito e quando eu olhei tava todo mundo chorando.

O Best of Blues tem essa importância gigante, tanto de trazer grandes nomes do blues, mas algo que também merece destaque é que eles sempre estão procurando bandas novas brasileiras pra colocar no line-up. Já teve inúmeras bandas, desde as primeiras edições. É realmente um festival muito importante para nós, para as bandas independentes, tanto de blues quanto de rock.

WM: O que vocês pretendem tocar nesse show no Best of Blues? Você pode dar um spoiler da setlist? 

LM: A gente vai tocar basicamente os dois álbuns. Não inteiros porque só temos uma hora de show, mas a gente também vai preparar alguns covers específicos. Provavelmente 80% do repertório autoral e 20% de covers, de referências. Mas a gente ainda tá decidindo, tá ensaiando. E eu acho que o grande diferencial do show é que a gente vai com o time completo. Além do quarteto, vamos ter [o teclado] Hammond com o Jimmy [Pappon] e duas backing vocals, que foi o mesmo show que a gente fez com o Black Crowes, com a Lucille Berce e a Julia Benford nos vocais. Então é um show diferente do que a galera tem visto. A gente tem feito shows autorais pelo Brasil todo, mas temos ido normalmente em quarteto porque é o que a logística permite. Então nesse show a gente vai com o time completo e vai ser legal.

WM: Falando um pouquinho de vocês, a Hurricanes é uma banda que tá aí na ativa já faz quase 10 anos. Vocês foram formados em 2016. Quais são os maiores desafios que vocês enfrentam hoje em dia como uma banda de rock?

LM: Eu acho que o desafio é diário e é geral. Tudo é realmente difícil. Não é uma profissão, uma carreira fácil. Qualquer carreira artística é difícil e hoje a gente tocando rock com essas influências dos anos 60, dos anos 70, é complexo, sabe? Você cavar esse nicho, você encontrar as pessoas que gostam disso, ter lugares pra tocar. Mas, ao mesmo tempo que é tudo muito difícil, eu acho que a gente tá trilhando um caminho legal. Como você falou, são quase 10 anos que a gente tá tentando fazer isso e é muito legal. 

Mês passado a gente foi pro Rio [de Janeiro] e tocamos dois shows lá. Casa cheia – casas pequenas, lógico, casas menores -, mas é muito legal você chegar em um outro estado, em um outra capital e ver que as pessoas conhecem o nosso som. Apesar de ser tudo muito difícil, é gratificante. É muito trabalho de formiguinha e muito tempo, né? São quase 10 anos. Mas as coisas vão acontecendo aos poucos. Eu lembro que no final de 2024 a gente pensava: “Putz, tá difícil. Nossa, que dificuldade”. É tudo muito duro, a luta é muito grande. E aí vem o convite do Best of Blues, sabe? Em 2022 também, final do ano, a gente não tinha nem conseguido lançar o primeiro álbum, aí veio o convite para abrir o show do Black Crowes. Então as coisas vão acontecendo, vai pintando show, e é isso. Como diz o Tim Maia: É uma ótima profissão pra quem gosta de sofrer [risos]. É duro, é trabalhoso, mas a gente gosta e fica feliz quando as coisas vão acontecendo.

WM: E o público de vocês parece ser bem fiel, né? Que nem você falou, existe um público muito específico que gosta desse tipo de música, mas eles parecem ser bem fiéis a vocês.

LM: Sim, com certeza. Todos os lugares que a gente toca sempre tem uma galera que conhece as nossas músicas e que quer ouvir as nossas músicas. Isso também é uma parte do trabalho que é complexa porque a gente veio de um show de cover, de releituras. A gente iniciou lá em 2016, inclusive, tocando Deep Purple, tocando Led Zeppelin, esses clássicos. A gente queria levar um pouco desse som pra galera, tanto mais jovem, até a galera mais velha que curte e tal, mas retomar essa sonoridade. E um dos grandes trabalhos e das grandes dificuldades também é fazer essa transição, de você estar tocando cover na noite e chegar uma pessoa e falar “Pô, por que vocês não estão tocando as músicas de vocês?”. Aí você tem que explicar: “É que hoje a gente tá fazendo um show de releituras”. A gente não toca em lugares que não aceitam as nossas músicas, mas um repertório que predomina é o cover. Então, aos pouquinhos a gente tá conseguindo virar essa chave. Antigamente, 80% dos shows eram covers e 20% era autoral. Hoje já tá mais 50/50. Tem shows aqui em São Paulo que fazemos 100% autoral e sempre tem essa galera muito fiel que acompanha. A gente lançou dois crowdfundings para os dois primeiros álbuns, foi sucesso. A galera realmente nos apoia e nos acompanha bastante.

WM: Vocês lançaram o Back to the Basement já faz um tempinho, em outubro do ano passado. Vocês têm trabalhado em coisas novas ou vocês estão focando ainda nesse período de divulgação e turnê do disco?

LM: Em 2023, quando lançamos o primeiro disco, nós já fomos para o estúdio gravar o segundo, porque eu tinha certeza que a gente precisava dar esse gás. E foi bem desgastante, mas foi muito importante porque eu acho que deu uma coesão de trabalho. Se alguém conhecesse a banda, teria dois álbuns para entender um pouco mais do que a gente é, do que a gente faz.. E esse ano a gente sentiu a necessidade de ter mais conteúdos online tocando ao vivo. 

Como a gente ficou muito tempo gravando, a gente acabou não conseguindo registrar tanto shows nem live sessions. Nesse ano a gente focou muito nisso, de lançar um vídeo por mês… O que é pouco se tratando de internet, mas quando eu abri o YouTube da banda no ano passado, eu vi que a gente tinha 12 vídeos. Eu falei, “Cara, é muito pouco”. E eu recebia muita mensagem de pessoas do Nordeste, por exemplo, falando: “Adoro a banda, mas tem pouquíssima coisa na internet e não consigo ver vocês ao vivo.”. Então esse ano a gente tá muito focado nisso. Porém, passando o Best of Blues, principalmente, a gente já tá juntando ideias. E a ideia é até novembro, no máximo, entrar no estúdio pra gravar o terceiro álbum pra lançar ano que vem, no máximo. Essa quinta-feira, inclusive, a gente vai lançar uma live session com três músicas. 

WM: Músicas inéditas ou músicas já conhecidas?

LM: Músicas do primeiro álbum. Eu percebi, por exemplo, que as três músicas mais tocadas do nosso Spotify não têm uma versão ao vivo no nosso YouTube. Então pensei, vamos fazer isso, sabe? Vamos começar a pegar as músicas que a galera gosta e gravar outros formatos, porque eu mesmo sou um consumidor de live session e shows, adoro abrir o YouTube e assistir a performance ao vivo, crua, natural. E é isso. 

WM: Minha última pergunta, mas acho que você já respondeu em partes, eu ia perguntar quais são os planos de vocês para o resto desse ano e para o ano que vem. Vocês falaram que vocês querem entrar em estúdio ali para novembro, mas o que mais que vocês têm em vista?

LM: Como você falou, a gente tá divulgando bastante os nossos dois álbuns. A gente tá conseguindo tocar bastante. Fomos pra BH, fomos pro Rio, Rio Grande do Sul, São Paulo também, interior. E a gente tá conseguindo rodar bem. Semana que vem vamos pro Rio de novo. E grande parte desse plano todo de lançar dois discos meio frenéticos era, como eu falei, ter material. Principalmente no Spotify. Vai sair o vinil também do segundo álbum. E agora é a gente conseguir rodar com esse trabalho e no final do ano entrar em estúdio de novo. Porque já tá dando aquela coceirinha de voltar.

Gabriela Marqueti

Atual editora-chefe do Wikimetal. Jornalista musical há 4 anos, entusiasta de metalcore, nu metal e post-hardcore. Fã de cultura pop e cinéfila de Twitter e Letterboxd. Contato: [email protected]



Via: Wiki Metal

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