Texto por: Márcio Barbosa Jr.
Iron Maiden realizou o primeiro show da sua turnê mundial Run For Your Lives na noite da última terça-feira, 27, no Papp László Sportaréna em Budapeste, na Hungria. Foi o início de uma nova turnê, um novo show, uma nova setlist, um novo baterista, um novo palco, um novo Eddie.
Uma nova era se iniciou e eu estava ali vendo a história sendo escrita. Há exatamente 2 anos eu estive na Future Past Tour, em Ljubljana, para testemunhar o início daquela jornada magnífica e agora eu queria essa sensação novamente. Ver o primeiro show do Iron Maiden é a única forma de você ter surpresas e essa sensação é muito boa.
Acenderam-se as luzes amarelas e começou a tocar “Doctor Doctor”, do UFO. O fã mais atento da banda sabe que essa é a música que é tocada antes do início do show, e fez a plateia ir abaixo. O maior espetáculo da terra voltou. Se foram as bandeiras e agora o palco é um grande telão interativo. Começa a tocar “The Ides of March”, passando um vídeo animado retratando o início da banda, mostrando locais como o Cart & Horses e Ruskin Arms, ambos em Londres. Um mundo onde Eddie vive.
Em seguida começa “Murders in the Rue Morgue”, o telão se transforma numa Paris vista de cima com um clima sombrio e enfim estamos na presença da Run For Your Lives World Tour. Ao final da música, Bruce Dickinson anuncia o novo baterista, momento em que Simon Dawson é ovacionado. Em seguida a banda toca “Wrathchild” onde o palco se transforma em um muro com um grande Eddie na fase Killers, e a música começa a ser cantada a plenos pulmões por todos. A banda logo emendou a canção “Killers” e aqui temos o primeiro walking Eddie da noite. Um Eddie fazendo alusão ao poster da turnê, interagindo bastante com a banda no palco e com a plateia, ele empunha um machado em uma de suas mãos. Um grandioso início de show. Ao final da música, Bruce faz um breve discurso e diz “you ain’t never seen it before”.
Inicia-se então “Phantom of the Opera”, com o palco se transformando em um grande teatro abandonado. Durante “The Number of the Beast” os telões passaram um clipe remetendo a filmes antigos. Adrian Smith utilizou sua guitarra Ibanez Destroyer vermelha direto de 1983. Sensacional.
Os acordes de “The Clairvoyant” no baixo se iniciaram em seguida, deixando todos animados. “Powerslave” veio em seguida, com um dos palcos mais imersivos trazendo todo aquele clima de 1985. Com os telões, a banda construiu uma dinâmica mais imersiva, fazendo a pirâmide ir escurecendo ao longo da música e mostrando uma visão de baixo pra cima dela, em 3D. Além dos fogos que criaram um clima todo especial. Outra surpresa foi o Adrian usar sua guitarra da marca Lado como em 1985. A banda pensou em tudo, até nos detalhes para os fãs mais atentos.
“2 Minutes To Midnight” veio logo na sequência com um grande Eddie da capa do single nos telões, mas sem muitas novidades. Após um breve discurso, a banda iniciou “Rime Of The Ancient Mariner”, um épico absoluto, transformando o palco em um oceano agitado à noite, com o navio naufragando em alguns momentos. Espetáculo puro. Mais um ponto para a banda, fez do épico ser mais épico ainda com essa imersão. O público inteiro deixou se levar por ela curtindo cada momento. Um dos pontos altos do show.
“Run To The Hills”, cujo parte do refrão dá nome à turnê, foi tocada com a capa do single nos telões. Nada de inovador por aqui. A grande surpresa veio com a “Seventh Son of a Seventh Son”. Não esperava por essa música. O palco se transformou em um grande mar com geleiras. Um dos palcos mais incríveis que o Iron Maiden já fez. Esse foi outro ponto alto do show. A banda se entregou nessa performance.
Colado a ela veio “The Trooper”, outra figurinha carimbada dos shows, que nunca saiu da setlist. Sem novidades aqui, com um segundo walking Eddie sobre o palco. O mesmo que foi usado durante a turnê Legacy of the Beast. Acho que poderiam inovar e usar outro Eddie em outra música.
A melhor música do universo, na opinião desse que vos escreve, voltou ao show. “Hallowed Be Thy Name”. Não preciso dizer que aqui é jogo ganho, né? Bruce está em sua cela cantando sobre seus últimos momentos de vida, música executada impecavelmente. Quando entrou na parte instrumental, indo para os solos, veio o que acho a grande interação de palco da banda e telões. O telão, que era uma cena, se transforma numa espécie de rampa de pedra e Bruce é mandado para lá. Bruce agora é um ser digital enquanto a banda executa a música brilhantemente. Ele vai subindo essa rampa sendo teletransportado em alguns momentos, até ser enforcado, para alegria ou tristeza de alguns. Mas essa interação ficou incrível. Em seguida, ele volta para o mundo real em sua cela e termina esse verdadeiro hino.
A expectativa agora é para a próxima, “Iron Maiden”. A expectativa era pra ver qual seria o Eddie inflável e adivinha? Não tivemos. Tudo ficou tudo no digital. Durante a música, o telão vai se passando em uma cela de um manicômio, e em determinado momento aparece o Big Eddie do Piece Of Mind. Outro momento interativo bem legal é que os holofotes do palco estão sincronizados perfeitamente com o big Eddie, fazendo uma verdadeira imersão. As luzes do palco iluminam o Eddie dentro do telão e no final ele arranca cabos de aço, “explodindo” coisas no palco. Mesmo com a ausência do Eddie inflável, a banda soube explorar bem essa interação.
Caminhamos agora para o bis, que na verdade foi bem simples. “Aces High”, “Fear of the Dark” e “Wasted Years”. Mais do mesmo, infelizmente. Nesse momento os telões deram uma sobrevida às músicas com um embate aéreo em “Aces High” e um ambiente noturno, sombrio com uma grande lua em “Fear of the Dark” e uma espaçonave viajando pelo universo. E assim terminou o primeiro show da Run For Your Lives Wolrd Tour, com a “Always Look on the Bright Side of Life”, do Monty Python, sendo tocada nos alto-falantes.
Eu esperava muito mais do setlist. Nada do disco No Prayer for the Dying foi tocado, e tem músicas boas. Deram uma ênfase maior no Powerslave, com 4 faixas tocadas. O começo do show foi insano, porém o bis foi decepcionante. O baterista Simon Dawson fez a lição de casa, tocou o que tinha que tocar, fez o famoso feijão com arroz. Eu achei um pouco lento o andamento de algumas músicas, pouca coisa mas talvez seja para o Bruce conseguir acompanhar.
Discurso do Churchill em “Aces High” estava um pouco acelerado, mas isso é detalhe de gente chata. Janick Gers tinha hora que ficava perdido e simplesmente parava de tocar. Sentimos muita falta do Big Eddie, mas depois eu entendi melhor a proposta da banda com a versão digital. A imersão dos telões é realmente muito legal, principalmente no início do show.
Ainda estou processando tudo com calma, pois a Future Past Tour ainda é muito recente e é preciso ter calma pra digerir isso tudo, principalmente o “luto” pelo baterista Nicko McBrain. É estranho olhar e ele não estar ali.
Iron Maiden: Run For Your Lives Tour em Budapeste
01. Murders In The Rue Morgue (Primeira vez desde setembro de 2005)
02. Wrathchild (Primeira vez desde julho de 2017)
03. Killers (Primeira vez desde outubro de 1999)
04. Phantom Of The Opera (Primeira vez desde julho de 2014)
05. The Number Of The Beast
06. The Clairvoyant (Primeira vez desde outubro de 2013)
07. Powerslave (Primeira vez desde julho de 2017)
08. 2 Minutes To Midnight (Primeira vez desde outubro de 2019)
09. Rime Of The Ancient Mariner (Primeira vez desde abril de 2009)
10. Run To The Hills
11. Seventh Son Of A Seventh Son (Primeira vez desde julho de 2014)
12. The Trooper
13. Hallowed Be Thy Name
14. Iron Maiden
BIS:
15. Aces High
16. Fear Of The Dark
17. Wasted Years
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Via: Wiki Metal