Texto por Patricia C. Figueiredo
A capital gaúcha recebeu no último dia 25 mais uma edição do Matanza Fest, desta vez reunindo as bandas Black Pantera, Comunidade Nin-Jitsu e claro, o Matanza Ritual. O show aconteceu no Bar Opinião e levou o público à loucura.
Black Pantera
Os mineiros do Black Pantera fizeram um digno retorno à Porto Alegre desde a última vez que estiveram por aqui quando fizeram um show um tanto secreto e intimista que poucas pessoas chegaram a ficar sabendo. Tendo, apenas no mês de outubro, sido a banda de abertura do lendário grupo Living Colour e tocado para um público de 30 mil pessoas no Knotfest, o Black Pantera finalmente ocupou o palco do Opinião, e muito merecidamente.
Abrindo o show com “Provérbios”, o trio tomou o palco na frente um público um pouco tímido no início, mas que já na segunda música “Boom” começou a se soltar e na terceira e conhecida “Padrão é O Caralho” estava completamente entregue ao som de essência thrash com influências de rap e muito groove.
A banda manteve a energia lá no alto e atingiu picos com o momento em que todos se agacham para logo começar a pular e bater cabeça em “Fogo Nos Racistas”. Além disso, o público entoou lindamente a letra de “Tradução”. O pessoal seguiu agitado até o final do set com alguns moshes, principalmente durante a música “Revolução é o Caos”.
Com letras que impõem a crítica a uma sociedade racista, o show do Black Pantera na capital gaúcha é um afronte à realidade da região que sofre com a desigualdade social e que, infelizmente, ainda confia em ideais supremacistas coloniais. Por outro lado, o público foi extremamente receptivo e aproveitou cada segundo do início ao fim, mostrando que a cena alternativa ainda tem uma galera verdadeira disposta a defender a essência rebelde e revolucionária do metal.
Comunidade Nin-Jitsu
Em um grande contraste, a noite seguiu com o show dos gaúchos da Comunidade Nin-Jitsu. Eu acredito que muitos não têm escutado falar muito da banda hoje em dia. A Comunidade Nin-Jitsu teve o seu auge entre o final dos anos 90 e início dos nos 2000, e agitou muito os adolescentes da época com suas letras humorísticas sobre sexo, drogas e rock n roll patifaria.
Hoje em dia os shows são mais esporádicos, mas o DNA da banda segue o mesmo e o show no Matanza Fest foi como uma viagem no tempo, me senti com 15 anos novamente.
Os guris chegaram com tudo já com o clássico “Detetive”, e ainda meteram um sequência icônica com “Não aguento Mais”, “Melô do Analfabeto” e “Ejaculação Precoce”, contemplando de cara os dois primeiros álbums da banda. Ou seja, o público já começou a curtir adoidadamente e com certeza lembrou dos verões no litoral gaúcho por volta dos anos 2000, quando a banda bombava.
O som da Comunidade Nin-Jitsu é uma fusão de hard core com rap e muitos samples de funk e até música eletrônica. Essa mistura faz da banda um ícone do rock gaúcho que nunca sai de moda, o que ficou claro com a empolgação que o público manteve ao longo do setlist, que ainda incluiu “Merda de Bar” e “Ah Eu To Sem Erva”.
Matanza Ritual
E então foi a vez dos headliners e donos do festival chegarem pra quebrar tudo. O Matanza Ritual tomou o palco com a famosa trinca “O Chamado do Bar”, “Meio Psicopata” e “Remédios Demais”, que já entrega tudo que a banda estava disposta a fazer. Foi aqui que a temperatura do Opinião subiu demais e o calor se espalhou de forma que nem os ares-condicionados davam conta mais. O empurra-empurra foi forte!
Com o público completamente louco e curtindo o show, a banda trouxe clássicos como “Carvão, Enxofre e Salitre”, “O Último Bar” e “Pé na Porta e Soco Na Cara”. Um setlist que contemplou os principais hits, mas a banda achou um momento para tocar “Um Paciente Secreto”, música do novo disco que ainda está no forno.
Para terminar a noite, não faltou “A Mulher Diabo” e o trágico hino “Ela Roubou Meu Caminhão”. Duvido que alguém um dia se decepcione com um show do Matanza Ritual, e com certeza não é nesse show que isso aconteceria. Os caras encerraram o festival com um público exausto, destruído, mas extremamente feliz. De fato, soltaram todos os seus demônios e saíram muito satisfeitos de lá.
Via: Wiki Metal