Em 1987, o Sepultura lançou seu segundo álbum de estúdio, Schizophrenia, representando um momento crucial na evolução da banda e do thrash metal em geral. Eles adicionaram uma carga de melodia e groove, que os diferenciou das bandas americanas e europeias, que estavam mais focadas na velocidade acima de qualquer coisa.
Claro que a velocidade e brutalidade são fatores importantes e obrigatórios para o thrash, porém o Sepultura trouxe algo mais original à experiência auditiva da época. Nesse momento você leitor sabe que o disco é um clássico, sendo um ataque implacável e agressivo, com riffs de guitarra sujos, uma bateria monstruosa e técnica de Iggor Cavalera e os vocais distintos de Max Cavalera.
Agora em 2024, o Cavalera Conspiracy, que conta com os irmãos Cavalera, acompanhados de Travis Stone (guitarra principal, Pig Destroyer) e Igor Amadeus Cavalera (baixo, Go Ahead and Die) resolveram regravar esse disco seminal, como já fizeram com os dois primeiros lançamentos do Sepultura, sendo o EP Bestial Devastation e o primeiro álbum completo, Morbid Visions. Tendo isso em mente, vamos a pergunta que sempre é feita em casos como esse: mas por que a regravação?
Em primeiro lugar, o trabalho feito trouxe um novo frescor às músicas, como se você tirasse sua velha fita K7 que foi tocada à exaustão e colocasse algo novo, pronta para mais horas a serem tocadas a fio. Em segundo lugar, é notável que os irmãos Cavalera nos deram um produto superior, com a bateria, por exemplo, soando mais clara na mixagem como na faixa “Escape To The Void”.
Na faixa citada, e no restante das regravadas, a banda manteve tudo igual em relação às músicas, onde podemos sentir a mesma atmosfera sombria, os efeitos básicos nos vocais e a mesma intensidade mórbida. A modernidade aqui foi aplicada de uma forma excelente, mas mantendo a essência do trabalho feito.
Faixas como “Inquisition Symphony” e “Septic Schizo” possuem linhas de baixo melhores do que no trabalho original, adicionando uma dose a mais de peso, se misturando bem com a bateria. O vocal de Max também está melhor, mostrando que ainda canta muito bem e com a mesma pegada pela qual ficou conhecido.
As diferenças que o ouvinte notara entre o original e a regravação estão presentes na “Intro”, com os sons sendo um pouco mais suaves, “The Abyss” que não tem mais o som acústico e limpo da versão de 1987, além da substituição do clássico “Troops of Doom” pela inédita “Nightmares of Delirium”. Aliás, a faixa foi uma adição muito bem vinda ao disco, sendo tão agressiva quanto o restante, além de apresentar um solo incrível e frenético.
Com esse trabalho, o Cavalera Conspiracy mostrou saber o que quer e o que estava fazendo, tendo alcançado um excelente resultado e completando a tríade que colocou o Sepultura nos holofotes e que certamente conquistará toda uma nova geração de ouvintes.
Via: WikiMetal