O Iron Maiden é uma banda que dispensa grandes e morosas apresentações! O grupo britânico é praticamente uma unanimidade na cena heavy metal, ou seja, grande parte do público que circula nas vielas do som pesado aderem ao fantástico mundo do conjunto, o qual é repleto de solos e riffs de guitarra, linhas vocais capazes de causar inveja a cantores de ópera e com uma cozinha tão concisa quanto um diamante.
Queremos, no entanto, trazer uma reflexão sobre o quão bem a banda vem trabalhando o seu catálogo produzido nos anos 1980. Nem outros gigantes da indústria musical e campeões de venda como o Metallica, AC/DC e Black Sabbath tiveram o expertise da trupe inglesa.
Depois do alvoroço da volta de Bruce Dickinson (vocal) e Adrian Smith (guitarra) e a festa que foi o lançamento e a turnê de Brave New World (2000), o frenesi em torno do sexteto se arrefeceu, de certo modo. Com isso, o álbum seguinte, Dance of Death, de 2003, teve uma recepção menos calorosa, mas, mesmo assim, o disco contemplou duas etapas de turnê.
O truque de mestre do mandachuva Steve Harris começou após a Dance of Death World Tour, quando tirou da cartola a Eddie Rips Up… Tour, em 2005. O giro, que ficou apenas pelo Hemisfério Norte, se debruçou apenas nos quatro primeiros registros do conjunto – a saber: Iron Maiden (1980), Killers (1981), The Number of the Beast (1982) e Piece of Mind (1983).
A turnê foi um sucesso de público e crítica, com shows em estádios, coisa que a Dance of Death World Tour não alcançou. O êxito da turnê contribuiu para que a fórmula em teste, a qual se erguia no esquema: álbum novo com sua respectiva turnê promocional e um giro mundial em exaltação ao seu espólio oitentista, fosse chancelada pela alta cúpula da empresa – Steve Harris e Rod Smallwood.
A partir daí, o grupo ganhou o bilhete dourado e usou a fórmula em diferentes configurações ao longo das últimas duas décadas. Dessa forma, o grupo deu vida a Somewhere Back in Time World Tour, cujo o foco era os trabalhos Powerslave (1984), Somewhere in Time (1986) e Seventh Son of a Seventh Son (1987).
Na outra viagem ao tempo, os caras sacaram a Maiden England World Tour, a qual recordou o giro em promoção ao seu sétimo registro de estúdio, Seventh Tour of a Seventh. Após a divulgação de The Book of Souls (2015), a Donzela de Ferro tratou logo de colocar na praça a Legacy of the Beast World Tour, rememorando majoritariamente seus hits da década de 1980.
Ainda que a The Future Past World Tour fosse para propagandear o décimo sétimo disco de estúdio dos caras, Senjutsu (2021), o giro foi fundamentalmente centrado em Somewhere in Time, de 1986, e no chamariz de ter Alexander the Great pela primeira vez no repertório ao vivo.
Assim dizendo, Harris e Smallwood provaram que sabem trabalhar muito bem a dicotomia de passado e presente. Ou seja, o Maiden dá vazão ao seu ímpeto criativo atual lançando material inédito e reformula o seu legado em mil e uma formas para que seu público receba um produto aprovado pelo teste do tempo.
Para 2025, a Donzela de Ferro vem com mais uma variação de tal sistema. Desta vez, o sexteto irá repousar seu repertório em seus nove primeiros álbuns de estúdio. A Run For Your Lives World Tour nem começou, mas já é um case de puro sucesso, visto que já coleciona quase vinte datas com os ingressos esgotados.
Via: RockBizz