O Skid Row chegou no segundo tempo do auge do hard rock oitentista norte-americano, aquele repleto de cabelos à la poodle de dondoca, laques e caras e bocas. O primeiro full length, que é homônimo ao grupo, saiu em 1989, mas garantiu um posto de destaque ao quinteto no mercado fonográfico, graças ao repertório da obra e as performances dos caras, que se destacaram além da média.
O sucesso continuou em Slave to the Grind (1991), mesmo com o fantasma do grunge arrastando correntes e transformando a cena musical em um não sei tocar bem, mas estou faturando milhões de dólares.
Dali para frente, acreditando na glória eterna, os caras do Skid cederam à cilada que quase todo artista sucumbe: o mito de que é divindade escolhida a dedo pela fonte criadora para brilhar na Terra.
Fama, grana, ego e goró tomaram o papel de protagonismo, com isso o caldo entornou no terceiro disco Subhuman Race (1995), que foi o derradeiro material de estúdio de inéditas da formação original.
O trabalho não empolgou; na verdade, encalhou feio nas lojas. O clima entre os músicos, que já era ruim, azedou mais ainda durante a turnê do álbum. O auge do pega pra capar rolou no ano de 1996, aqui em nosso querido país, e culminou com a saída do vocalista Sebastian Bach.
Na época, Bach estava tão atolado no mercúrio retrógrado que foi em uma festa na zona sul do Rio de Janeiro, e acabou sendo zuado por uma galera que estava no rolê. P da vida, Sebastian, que estava mais para lá do que para cá, resolveu caminhar na praia de Copacabana, durante a madrugada, e acabou tomando uma dura da polícia e quase foi dormir de conchinha com os detentos da DP.
Desde a fatídica tour brasileira, a banda e o vocalista seguiram caminhos separados: Skid Row tentou sobreviver lançando mão de vários cantores, que sempre se mostraram aquém do requisitado pelo conjunto.
Já Bach, se lançou em carreira solo, que nunca fez um terço do sucesso comercial de sua ex-banda; no entanto, o frontman sempre fez questão de alfinetar e debochar Scotti Hill (guitarra) Dave “The Snake” Sabo (guitarra) e Rachel Bolan (baixo) por estarem em apuros com seus vocalistas. Isto é, no pior estilo ex-namorado(a) que torce para o ex-amor se estrepar feio em sua vida e projetos.
As coisas mudaram, o vento soprou a favor do Skid Row com a entrada do sueco Erik Grönwall, cantor de gogó privilegiado e que esbanja carisma, presença e domínio de palco e público, ou seja, Erik foi um achado e tanto ao grupo, pois lhe injetou doses cavalares de energia e vigor.
Com o conjunto voltando a voar alto, Bach, embalado por um despeito ilimitado, iniciou um processo de tentar apequenar o ótimo trabalho de Erik. E mais, começou a espalhar pela mídia que seria uma boa ideia voltar a trabalhar com o Skid Row, e que isso só depende dos integrantes do conjunto, pois, para ele, já está tudo certo.
Voltando ao paralelo de relacionamento, a pessoa esnoba, menospreza e ridiculariza publicamente o ex-mozão porque ele/ela está sofrendo o pão que diabo amassou com outros parceiros. Depois que o ex-mozão encontra um cônjuge bom e carinhoso, a pessoa, que antes só sacaneava, muda instantaneamente o discurso e pede para retomar o romance.
Assim como na analogia acima, se Skid Row e Sebastian Bach voltarem a se relacionar, já que Grönwall precisou deixar a banda para focar em sua saúde, vai rolar briga cedo ou tarde, porque não será uma volta genuína pautada pela admiração, amor e respeito mútuo.
Será uma união bomba relógio, ou seja, um elo finíssimo prestes a explodir com o menor balançar da maré. E a história já nos mostrou que a bomba relógio é o vocalista Sebastian Bach.
Então Skid Row, como já diria o personagem Pedro, interpretado pelo ator Antônio Fagundes, na série Carga Pesada: ‘É uma cilada, Bino’.
Via: Rockbizz